terça-feira, 28 de abril de 2009

Entre as leituras da aula...

"De acordo com Javé Deus, o que a criatura na terra precisa é um companheiro, alguém que não lhe seja nem subordinado, nem superior; alguém que alivie o isolamento por meio da identificação".
(TRIBLE, Phyllis in Teologia do Antigo Testamento - Ralph Smith, 2007, São Paulo, Vida Nova, p. 239.)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ainda vivo...

vida resumida a esse arraial narniano que chamamos de FLT, mas vivo!
Bom, resolvi dar uma de "pastorinha" e colocar aqui uma prédica que proferi hoje na sala, o tema é geral é Pascoa, mas falar da ressurreição de Cristo não exige época específica não é?! Pois é, pregar para um asala cheia de teólogos "é o bicho", mas ao mesmo tempo é bom ouvir o retorno da turma e do professor. Sinceramente, tremi por dentro com essa pregação, mas ao mesmo tempo me entreguei nas mãos do Senhor!
Bom, abaixo segue a pregação... fico na esperança de passar e deixar mais retalhos de pensamentos dessa mente meio confusa!
Abraasss


Diante da ressurreição não há como ser blasé.

Vivemos numa época blasé! Época blasé? O que vem a ser isso?
Blasé é uma expressão francesa que denomina o comportamento indiferente em relação às "novidades" do mundo. No português ela é usada como adjetivo. Blasé é um dos dois extremos do comportamento humano influenciado pela vida moderna, no qual a pessoa, em meio à coisificação e planificação causada pelo dinheiro e controle rígido do tempo, mergulha em sua própria subjetividade sem se envolver com o ambiente externo, o qual considera desprezível. A pessoa blasé apenas observa o mundo com um ar de deboche, na certeza de que já viu de tudo e nada é agradável, nada pode surpreendê-la. Ser denominadamente blasé tem sido considerado chique e é uma das modas do momento.
Ser blasé é não se importar, ou pelo menos fingir não se importar com os acontecimentos à volta, é suprimir os sentimentos e fazer cara de paisagem, afirmando que aquilo não tem relevância na sua vida. Mas como suprimir os sentimentos, reações ao ponto de não se permitir sentir, expressar pode ser moda? Pois é, ser blasé é ser pop, algo da época. Nem sempre foi assim, já que identificamos na história épocas nas quais o sentimento era enaltecido, como por exemplo, a era romântica. Algo do nosso tempo.
Mas como se importar com algo realmente, se vivemos numa época na qual estamos anestesiados. Como nos surpreender, se nada mais parece ser novidade?
O que nos comove hoje? O que nos faz de algum modo perder a compostura? Sair do nosso quadrado? Faz-nos correr, nos faz chorar, nos alegra e dá esperança?
Convido-os a abrirem suas Bíblias em João 20.1-18.
Madrugada, Maria Madalena, provavelmente acompanhada de outras mulheres, vai até um túmulo. Ali jaz aquele que expeliu dela sete demônios, o qual a partir disso, ela passou a acompanhar, a auxiliar com seus bens, conforme Lucas 8.2. Naquele túmulo estava quem tinha mexido com a vida dela, libertado-a, aquele que deu um novo sentido para sua vida. Esse momento era para prestar as últimas homenagens, estar perto de alguma forma, cheia de um amor profundo. Era escuro, mas ela pode ver que algo estava errado, a pedra que era para guardar aquele túmulo tinha sido tirada do lugar. Ela correu, foi chamar alguém que talvez pudesse ajudar. Encontra dois conhecidos de caminhada, Pedro e João. Provavelmente angustiada, Maria Madalena relata que Jesus não está no sepulcro, ninguém sabe onde ele foi parar.
João e Pedro saem correndo em direção ao sepulcro. Note bem, Maria Madalena corre ao encontro de Pedro e João. Os dois discípulos saem em disparada em direção àquele túmulo. Andar seria devagar demais, os sentimentos, os pensamentos que passaram em suas cabeças os levaram a correr. João, mais jovem que Pedro, chegou antes ao sepulcro. Mas algo fez ele ficar estático à entrada daquele túmulo.
Aí eu quero chamar atenção para três reações, uma reação de cada personagem do relato do túmulo vazio, que serão os três tópicos a serem abordados.
Maria, Pedro e João voltaram correndo ao sepulcro, como lemos no texto bíblico. João chegou primeiro, mas não entrou no sepulcro. Pedro chegou depois, mas ele não titubeou, provavelmente esbaforido da corrida, adentrou àquele túmulo. Temos que ter em mente que estamos falando de Pedro, o afoito discípulo. Pedro não pode esperar e sondar o que estava acontecendo, Pedro tinha que ver. A decisão de Pedro foi totalmente prática. Ele não foi o primeiro a chegar na corrida, mas foi o primeiro a entrar pra ver o que estava acontecendo. Pedro entrou no sepulcro. Essa foi sua reação. Ele viu que os panos que enleavam Jesus estavam ali, assim como o lenço que estava sobre a cabeça de Jesus, o tão comentado sudário, estava ainda num lugar a parte. Provavelmente o corpo de Jesus não tinha sido roubado. Dificilmente os ladrões deixariam tais panos no sepulcro. Assim como os inimigos e adversários, não teriam tempo para desenrolar o corpo de Jesus, e para eles, não era nem um pouco interessante o sumiço do corpo do túmulo, já que no relato da ressurreição de Jesus Cristo em Mateus, os sacerdotes e fariseus designaram guardas para guardarem o sepulcro. Mas essas hipóteses talvez nem passaram pelas cabeças dos discípulos e de Maria. Pedro, que entrou no sepulcro pôde ver, que isento daqueles panos nada mais restava naquele túmulo.
Tendo Pedro entrado e visto isso, João saiu da sua posição de observador e adentrou no sepulcro. João, discípulo de natureza contemplativa, que primeiramente ficou ali, abaixado na porta do sepulcro, com um temor reverente, entra também no sepulcro. Pedro viu mais coisas do que ele tinha visto apenas à porta. Mas João entendeu melhor o significado daquele acontecimento do que Pedro. Não podemos negar que Pedro teve mais visão num primeiro momento, mas João teve mais discernimento. João viu e creu. A reação de João ao ver aquele sepulcro vazio foi crer.
Agora todas aquelas citações, interpretadas muitas vezes como vagas, proferidas por Jesus, faziam sentido. Para nós é muito fácil abrirmos um dos textos bíblicos no qual Jesus prevê sua morte e ressurreição e saber do que ele está falando. Mas pensemos em como os discípulos, que não faziam idéia de como seriam tais acontecimentos, interpretavam tais citações feitas por Jesus?
A razão pela qual João creu foi por ver o sepulcro vazio, esse foi o sinal, esse foi o cumprimento do que Jesus disse. Ele não precisou sair dali, discutir sobre a questão ou ainda, espiar outros túmulos vazios. Uma súbita confiança envolveu-lhe, mente e coração, vendo o sepulcro vazio tendo apenas as faixas no chão. A ressurreição dos mortos era uma necessidade.
João e Pedro tinham visto o bastante pra apenas um começo de dia, reagiram de formas intensas e instintivas. Não ficaram inertes. Para eles, por ora, era o suficiente. Aqueles discípulos deixaram o sepulcro provavelmente com os corações jubilosos, pelo menos podemos supor isso de João, já que, sendo João o escritor do evangelho, pôde inserir no relato do túmulo vazio suas ações e também sua crença.
Mas ainda ficou alguém por perto do sepulcro! Maria Madalena. Ela estava inconsolável, a ausência de Jesus lhe levava a chorar. Ela estava quem sabe, a procurar Jesus, sem saber onde fazer suas buscas. Ela teve que olhar mais uma vez para dentro do sepulcro. De novo, Jesus não estava lá. Mas agora tinha algo diferente dentro do sepulcro, dois anjos, um à cabeceira e outro aos pés onde estava o corpo de Jesus. Maria continuava a chorar, o que levou os anjos a lhe perguntarem o motivo do seu pranto. A presença dos anjos não desnorteou Maria, ela queria saber onde estava Jesus. Nisso algo a faz virar e quem ela vê? Um jardineiro, pelos seus olhos. Ah, pode ser ele que tirou o corpo de Jesus daqui, ela pensou. A missão de Maria naquela manhã era ungir o corpo de Jesus, uma ação nobre, do seu ponto de vista, e ela não teria como cumprir sua tarefa.
A devoção de Maria não media dificuldades, um lugar seguro para guardar o corpo de Jesus, essa era a vontade de Maria, esse objetivo era tão grande que chegou a cegá-la talvez por isso não reconhecendo o Senhor. A sua confiança nas suas forças físicas foram tão grandes que ela chega a dizer “eu o levarei”, uma tarefa impossível.
Mas eis que uma voz conhecida chama o seu nome, eis agora algo familiar, talvez a voz de Jesus trouxe a sua mente todas as antigas associações. A voz de Deus é sempre é mais rapidamente ouvida pelos corações que o amam. A presença de Jesus se faz sentida quando Maria estava em total desespero. E eis que irrompe a reação de Maria: Rabonni! Sim, Maria teve outras reações como podemos perceber no relato bíblico, o choro durou por tempo como podemos notar. Mas quando Maria chama pelo Mestre, isso soa bem mais alto. Assim como a voz do Mestre era conhecida por seus ouvidos, Maria chama pelo Mestre, com certeza como tantas outras vezes solicitado ele fora solicitado por ela. O sentido de “mestre” no grego deixa de fora o sentido de veneração, contido no hebraico Rabonni.
Que alegria poder estar perto de Jesus, de ver que ele está ali, de poder tocá-lo. Pra Maria foi uma grande alegria, mas deter Jesus não era o correto. Era necessário Jesus subir para o Pai, que agora era Pai dele e também de seus irmãos, assim como Seu Deus e Deus de seus irmãos. A nomenclatura dos discípulos de Jesus é mudada conforme o ministério de Cristo. De servos, Jesus passa à chamá-los de amigos, e de amigos agora eles passam a ser irmãos. A designação de irmãos vem a nós também, sendo Jesus o primogênito dentre muitos, como Paulo fala em Romanos 8.29. A angústia de Maria é sanada no encontro com o Mestre. A reação ao chamar “Rabboni” muda sua perspectiva, de sofredora pela ausência de Jesus, por exultante anunciadora do seu encontro com o Senhor.
Pedro, João e Maria. Cada um deles ao seu modo reagiu com sua experiência mediante a ressurreição de Jesus Cristo. O olhar de cada um deles foi diferente, os modos que se utilizaram para interagir foram os mais variados. Mas eles reagiram, viveram de forma intensa a ressurreição de Cristo. Eles não foram apáticos, eles não foram nada “blaseés”. O fato de o túmulo estar vazio mexeu profundamente com cada um deles, e mudou a perspectiva de vida a partir dali, assim como para nós saber da ressurreição de Cristo muda totalmente nossa perspectiva de vida. Eles passaram a ser proclamadores do que eles viveram naquela madrugada do primeiro dia da semana.
As reações diante da ressurreição de Cristo são as mais diversas. Se pesquisarmos em Atos, a ressurreição de Cristo era tema central e constante das pregações dos apóstolos.
O anúncio da ressurreição de Jesus dentre os mortos é motivo de esperança para nós, esperança que vem por meio de Jesus Cristo.
Não há como ficar indiferente diante de tal realidade. A ressurreição foi realidade em Cristo e vivemos na esperança dela se realizar em nós, aqueles que entregaram suas vidas ao senhorio de Jesus Cristo.
Nós podemos viver numa época chamada blasé, mas não podemos nos tornar blasé diante tal fato: Jesus ressuscitou dentre os mortos, nos dando a viva esperança de desfrutarmos a vida eterna em Sua companhia, assim como saber da ressurreição muda nossa vida no hoje. Isso é maravilhoso demais. Não há como ficar sem reação. Devemos nós, reagir diante disso, vivendo na esperança da vida eterna concedida por meio da ressurreição de Cristo, que causa uma incrível transformação por meio do Espírito Santo, e anunciando para uma época que tem por moda nem ser refrigerante de limão, nem água mineral, ser apenas blasé que há algo mais para se viver, que há motivo para reagirmos com esperança, alegria e confiança: Jesus Cristo.